domingo, 28 de julho de 2013

Em SP Haddad não entende, ninguém entende o que não quer entender...

Para abrir, vamos direto para as declarações do prefeito de SP:
"Estou me colocando à disposição para o debate. É uma realidade nova que exige abordagem nova. Nenhum Estado está se mostrando preparado para enfrentar essa nova realidade"
E mais:
"Temos que buscar essa linha tênue do equilíbrio. Não é simples, mas o poder público tem que buscar isso. É um desafio para as forças de segurança. Tenho conversado muito com o Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo) sobre esse assunto. Algumas dessas novas formas de protesto contam com o apoio da população e outras não. Temos que buscar o meio termo, o equilíbrio entre esses dois direitos"
Na verdade, tais declarações chegam a ser patéticas. É claro que nenhum estado ou cidade está pronto para lidar com o atual modelo de manifestações, mas para que fique um pouco mais claro a todos, vamos dar uma analisada na diferença entre ontem e hoje, diferença essa não muito clara, mesmo para a população.

O modelo convencional:
Alguns exemplo bem fortes, vivos na memória e de fácil pesquisa são os 2 maiores das últimas décadas, o movimento por "Diretas Já" e o "Fora Collor".

Ambas as manifestações mobilizaram o país inteiro, como hoje, visavam mudanças profundas, como hoje, foram a princípio ocultada pela mídia corporativa e depois exaltada por ela, como já aconteceu nos atuais mas ainda não está claro ou definido, pois a mídia corporativa em sí, também não sabe o que fazer.
No passado, todas as manifestações tinham objetivos claros e definidos, únicos ou poucos. O próprio nome das mobilizações já deixava mais do que claras as suas metas e o quão estreitas essas eram. Nessas épocas, acreditava-se que mudanças únicas afetariam todo o quadro nacional e, como simples consequência, mudariam toda a realidade do país. Acreditava-se que, ao adquirir o direito a eleições por voto direto popular, o poder de decisão do povo faria toda diferença na postura e realidade política, assim como acreditava-se que, ao remover do poder o ex-presidente Fernando Collor de Mello, como em um passe de mágica, modificaria toda a realidade política, desmandos e corrupção do governo.
Hoje pode parecer difícil crer que as pessoas acreditavam de fato que mudanças simples como essas poderiam de fato mudar algo, parece quase infantil a crença de que se resolve questões tão complexas com mudanças tão simples, mas sim, era o que se acreditava.
Justamente por essa evidente simplicidade e dinamismo das manifestações populares, era muito fácil à mídia, guiar, estimular e manipular tais ações para que seus planos se estreitassem ainda mais e portanto se tornassem de fácil solução. Quanto ao governo, super simples de resolver, dê o ponto que o povo quer depois de resolver algumas questões "burrocráticas" simples e pronto, como de fato aconteceu, o povo volta para casa, feliz, realizado, orgulhoso e paciente.

O modelo atual:
Esse não tem nenhum exemplo fácil ou passível de pesquisa, pois é pioneiro, é completamente novo.
O motivo que deu vazão a toda essa indignação foi o aumento de 20 centavos nas passagens dos ônibus em várias cidades do país. Com certa razão, essa origem é tratada como piada por comentaristas e jornalistas fora do país. A sociedade é submetida a todo tipo de abuso e descaso a literalmente séculos, assiste o país alcançar a sexta colocação entre as maiores economias do mundo enquanto o analfabetismo ainda é grande enquanto o analfabetismo funcional em estudantes formados no ensino médio é escandaloso, isso sem entrar nos outros setores com igual ou pior situação, todas elas aceitas com paciência e conformismo e então, em um estalar de dedos, míseros 20 centavos leva o povo á loucura. Demora um pouco a se assimilar que os 20 centavos nada mais foram do que a "gota d'água", o estopim, o limite da paciência. Por isso tudo, a chegada da primavera brasileira pegou a TODOS, governo e não-governo, completamente de assalto.
Logo depois de atender a essa simples reivindicação nacional, o governo e a mídia se deram conta do que todos nas ruas já sabiam, não existe uma causa simples ou uma reivindicação unânime, existe uma indignação e insatisfação geral sobre tudo.
Não importa o que o governo fez, faz ou faça, nada é capaz de aplacar a insatisfação do povo, já que não existe uma causa definida ou única para tal.
Não é passível de manipulação midiática. Todas as tentativas e técnicas já foram aplicadas e muitas já estão se repetindo, apenas para provar que não funcionam. Se você desmoraliza, criminaliza ou aplaca parte da insatisfação, acaba inevitavelmente exaltando, estimulando e indignando a outra parte. Para a mídia e governo é como apertar a um balão de gás com uma mão, conforme se aperta um lado, automaticamente se faz o outro ganhar força, tamanho e pressão. Por esse motivo, atualmente a mídia tem se limitado a não apertar mais a lado nenhum, apenas escondendo, na esperança de que o "balão" murche sozinho.
É impossível a centralização e hierarquização das manifestações. Literalmente centenas de grupos e um ainda maior sem nenhuma liderança, ora se unem, ora se apoiam, ora se alternam e mesmo ora censuram-se mutuamente, se não há uma cabeça ou uma unanimidade, não há o que fazer para satisfazer a massa disforme...

Resolvendo a questão:
Claro que minha opinião aqui não passa de especulação, no máximo uma sugestão baseada no que venho vendo e pode estar totalmente errada, mas, ainda assim é o que me parece minimamente lógico.
Se os prefeitos, governadores e ocupantes de cargos federais como um todo querem mesmo aplacar a fúria das ruas, só lhes resta uma opção. Entender que o problema SÃO ELES!
Ao aceitar e entender essa afirmação, os eleitos com baixa aprovação popular começarem a renunciar, medidas imediatas forem tomadas por eles mesmos para a redução dos próprios salários, benefícios e número de ocupantes de tais cargos e a busca de atitudes claras, rápidas, amplas e imediatas pelo judiciário em apurar, investigar e punir de fato um grande número de envolvidos com os mais variados tipos de roubos e desmando. Aí sim, o povo pararia para observar.
Como chave de ouro e solução final, eles passarem a entender que não importa o que façam, não vão resolver o problema e não devem resolver o problema, mas sim permitir que a população os resolva, com a reconstrução completa e popular da constituição, abertura franca, participativa e minuciosa sobre todos os assuntos tidos como polêmicos em busca de soluções com a população. Enfim, a adoção de um modelo de democracia direta e participativa, creio que que aí sim, os ânimos se acalmariam, o debate se espalharia e soluções de fato surgiriam.

Fique claro que isso tudo, apesar de improvável, deveria acontecer "para ontem", pois temos uma pesada crise financeira batendo a nossa porta, e se esperarem que essa "bolha" estoure, não consigo ver outro desfecho para as manifestações que não uma revolução armada, burra e sanguinolenta, que não trará resultado algum, como se vê hoje no Egito por exemplo.

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